Promotores da Superliga asseguram estar em negociações com a Uefa

Promotores da Superliga asseguram estar em negociações com a Uefa

A A22 Sports Management, responsável pela promoção da Superliga Europeia, informou à AFP na quinta-feira (9) que se encontra em "negociações" com a Uefa visando um novo modelo para a Liga dos Campeões, uma ideia que o organismo europeu rejeita de forma "categórica".

Segundo um porta-voz da A22, a proposta apresentada à Uefa pela entidade e pelos clubes envolvidos na Superliga inclui a oferta de uma plataforma de streaming gratuita e pequenas alterações no formato atual da competição.

Esta proposta difere significativamente do plano inicial de uma competição semifechada que quase causou uma crise no futebol europeu em 2021. Nela, os 36 clubes que participam atualmente da Liga dos Campeões seriam organizados em dois grupos de 18, com os melhores classificados a jogarem os oitavos de final.

A A22 salienta que esta proposta inovadora já está em discussão e adverte que, caso a Uefa decida não a aceitar por motivos próprios, não será possível continuar a desconsiderar as decisões judiciárias.

Fundamentando-se em diversas vitórias judiciárias, nomeadamente na decisão espanhola de maio de 2024 que concluiu que a Fifa e a Uefa abusaram da sua posição dominante, os promotores da Superliga sustentam ter o direito de criar uma competição, que a Uefa não pode bloquear, conforme avaliação desta fonte.

"Ampliar as receitas"

No entanto, esta interpretação é questionável, uma vez que o processo julgou regras já obsoletas. A Uefa atualizou os seus regulamentos em 2022, mas o caso não foi reexaminado desde essa data.

O objetivo da A22 permanece ser o aumento das receitas do futebol, que, segundo o seu porta-voz, estão atualmente aquém do esperado, especialmente quando comparadas com os direitos televisivos dos desportos norte-americanos.

Rebatizada como "Unify League", a Superliga tinha solicitado oficialmente o reconhecimento da sua competição junto da Fifa e da Uefa em dezembro de 2024.

A Uefa, contactada pela AFP, confirmou ter tido várias "reuniões públicas" entre o seu secretário-geral, Theodore Theodoridis, e o cofundador da A22, Anas Laghrari, embora estas não tenham produzido quaisquer resultados.

O porta-voz reafirmou categóricamente que não existem planos para modificar o formato da Liga dos Campeões, destacando que a nova estrutura entrou em vigor na temporada 2024-2025.

Projeto da Superliga "encontra-se encerrado"

Esta alteração surge após declarações do presidente do Barcelona, Joan Laporta, historicamente um dos principais apoiantes do projeto ao lado do Real Madrid, que manifestou o desejo de chegar a "um acordo com a Uefa" para promover a "pacificação" do futebol europeu.

Quando questionado pela AFP, o Real Madrid, cujo presidente Florentino Pérez destacou esta iniciativa como essencial para "salvar o futebol europeu", preferiu não se pronunciar de imediato.

Em Roma, na assembleia geral da Associação Europeia de Clubes de Futebol (EFC, anteriormente designada ECA), o seu presidente, Nasser Al-Khelaïfi, assinalou o "regresso à família" do Barcelona e do seu presidente, presente na capital italiana, com quem partilhou um jantar e um "passeio especial".

NAK, abreviatura do empresário catari, declarou que "Joan (Laporta) é um amigo, um superamigo; por vezes, pode haver discordâncias sobre determinadas questões, mas todos os clubes se alegram com o seu regresso".

O presidente do Paris Saint-Germain considerou que a aproximação do Barcelona à EFC e à Uefa não implica o fim do projeto da Superliga, uma vez que "já se encontrava encerrado anteriormente". "Não são necessárias outras competições, pois as existentes são já as melhores", frisou.