Filipe Luís, o seguidor de Jorge Jesus e Simeone que valoriza os treinadores brasileiros

Filipe Luís, o seguidor de Jorge Jesus e Simeone que valoriza os treinadores brasileiros

Numa época de maior destaque para treinadores estrangeiros no Brasil, Filipe Luís surge como a principal promessa do país, ao comando de um Flamengo que vai defrontar o Palmeiras de Abel Ferreira na final da Taça Libertadores.

No sábado, em Lima, Filipe tentará conquistar o seu primeiro troféu como treinador na Libertadores, competição que ganhou duas vezes enquanto jogador do Rubro-Negro, em 2019 e 2022.

Para além disso, o Flamengo encontra-se muito próximo de vencer o Campeonato Brasileiro após meses de luta intensa com o Palmeiras.

"Estou mais feliz do que nunca, a fazer o que adoro. Quanto maior a pressão, quanto mais complicado, mais prazer tenho neste trabalho", afirmou o ex-jogador de 40 anos após o empate do Fla por 1 a 1 na deslocação ao Atlético-MG, resultado que colocou a equipa carioca a um passo do título do Brasileirão.

Ainda que a sua carreira como treinador esteja no início, Filipe Luís tem estado no centro das atenções desde que assumiu o Flamengo, em setembro do ano passado, substituindo Tite.

As suas únicas experiências prévias foram no escalão Sub-17 e Sub-20 do próprio Rubro-Negro, depois de pendurar as botas em 2023.

Foi uma escolha ousada, mas o êxito tem sido um companheiro constante deste seguidor do português Jorge Jesus e do argentino Diego Simeone.

O seu primeiro título ao leme da equipa principal, a Taça do Brasil, chegou 41 dias após tomar posse. Este ano, já venceu a Supertaça do Brasil e o Campeonato Carioca.

"Temos muito a aprender"

A maior presença de treinadores estrangeiros conta com opositores no Brasil, que obteve os seus cinco títulos mundiais com técnicos nacionais, mas Filipe Luís apoia esta abertura.

"Não nos podemos iludir. O melhor futebol está lá [na Europa]. Os melhores jogadores. As melhores provas. Os melhores treinadores", declarou quando o italiano Carlo Ancelotti assumiu a Seleção, em junho. "Nós temos muito a aprender com o futebol europeu".

Filipe não hesita em considerar Abel Ferreira, bicampeão da Libertadores ao serviço do Palmeiras, como "o melhor treinador" do futebol brasileiro.

Jorge Jesus, Abel (duas vezes) e outro português, Artur Jorge, triunfaram em quatro das últimas seis edições do Brasileirão.

Quando conquistou o título pelo Flamengo em 2019, com Filipe Luís como defesa-esquerdo, Jesus tornou-se o primeiro estrangeiro campeão brasileiro desde 1959.

Artur Jorge, além disso, venceu a Taça Libertadores no ano passado com o Botafogo, o primeiro troféu do clube.

Críticas aos "estrangeiros"

Há poucas semanas, algumas declarações do ex-treinador da Seleção Emerson Leão geraram controvérsia.

Durante um evento na CBF com a presença de Ancelotti, primeiro estrangeiro a comandar o Brasil desde 1965, Leão criticou a "invasão de 'estrangeiros'" no futebol brasileiro.

"Eu sempre disse que não gosto de treinadores estrangeiros (...), mas tenho de ser inteligente o suficiente para dizer que tudo isto tem um culpado: nós. Nós, treinadores, somos culpados", afirmou na altura.

"Não vamos permitir qualquer tipo de xenofobia (...). Vemos o profissional pela sua competência", respondeu em entrevista Samir Xaud, presidente da CBF.

Escola europeia

Quando se fala de competência, Filipe Luís revela claramente as suas qualidades.

No entanto, é um treinador da escola europeia, após ter jogado em clubes como Deportivo La Coruña, Atlético de Madrid e Chelsea. A sua maior influência foi Simeone, que para ele foi como "um pai" durante a passagem pelo Atlético de Madrid.

"Se hoje estou aqui sentado foi porque ele me inspirou a fazer isto. Ele mudou a minha vida", disse o treinador após a qualificação do Flamengo para as meias-finais da Libertadores, com vitória nos penáltis sobre o Estudiantes.

Em caso de título, Filipe Luís será o segundo brasileiro campeão da Libertadores como jogador e como treinador, juntando-se a Renato Gaúcho, que alcançou o feito pelo Grêmio em 1983 e 2017.

Os uruguaios Luis Cubilla e Juan Martín Mujica e os argentinos Roberto Ferreiro, Humberto Maschio, José Omar Pastoriza, Nery Pumpido e Marcelo Gallardo completam a lista de campeões da Libertadores em ambas as funções.