Deschamps: adaptar-se às novas gerações é essencial para não ser visto como um "velho tolo"
O treinador francês Didier Deschamps revelou em diálogo com a AFP a necessidade de se ajustar ao perfil dos atletas mais jovens, em vez de manter uma postura rígida, para não correr o risco de ser considerado um "velho tolo".
Com 56 anos e já vencedor da Copa do Mundo como atleta em 1998 e como técnico em 2018, Deschamps anunciou previamente que encerrará suas funções após o Mundial de 2026, totalizando 12 anos à frente da seleção.
Ao longo desse tempo, o profissional notou mudanças profundas no modo como os jogadores mais novos agem e lidam com pressões.
"Hoje os atletas exibem maior autoconfiança e segurança", mencionou durante entrevista à AFP, antes dos jogos eliminatórios contra o Azerbaijão nesta sexta-feira (10) e a Islândia na próxima segunda-feira (13).
"Antigamente os jovens seguiam instruções sem contestar. Atualmente, estão mais preparados desde cedo, entram em campo mais precocemente e possuem maturidade acelerada. Muitos também buscam carreiras no exterior muito cedo".
Enquanto antigamente bastava ser convocado para a seleção, os jovens de hoje têm exigências diferentes, o que exige uma abordagem distinta por parte do técnico, conforme explicou Deschamps.
"Assim como no ambiente corporativo, um jovem pode chegar ao superior e afirmar que almeja o cargo dele".
"Isso pode ser interpretado tanto como falta de humildade quanto como ambição saudável".
"Quero que prestem atenção ao que digo"
Apesar de acreditar que "algumas práticas antigas eram mais eficazes", Deschamps reconhece que "muitas já não se aplicam mais", como a proibição de dispositivos móveis nos vestiários.
"A atual geração nasceu com um telemóvel na mão e vive constantemente conectada", complementou.
Por isso, "a chave está em ajustar minhas estratégias a essa realidade", destacou o técnico.
Ele também observa que a capacidade de concentração dos jogadores mais novos é "mais reduzida", o que influencia suas metodologias de treino.
"Opto por ser claro e direto", pois "não quero que minhas palavras sejam apenas ruído de fundo, quero ser ouvido". "Quando você trabalha com gerações cada vez mais jovens, equilibra entre não ser um velho tolo e também não simular uma juventude artificial".