De favorito a último lugar: as razões para o insucesso do Brasil no Campeonato Mundial Sub-20
O Brasil viveu uma derrota histórica no Campeonato Mundial Sub-20 disputado no Chile. Apesar de integrar o grupo da morte, a seleção brasileira, cinco vezes campeã do torneio, ficou em último lugar com apenas um ponto, um desfecho inesperado mesmo para os mais céticos.
A equipa principal do Brasil permanece sob pressão por não conquistar um título mundial desde 2002, enquanto a formação jovem não vence o Campeonato Mundial Sub-20 desde 2011.
Esta pressão refletiu-se nos jovens atletas e também no treinador Ramon Menezes, que não encontrou soluções eficazes frente a México, Marrocos e Espanha, tendo sido demitido no domingo, dia 5, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após o desempenho fraco.
Estes são alguns fatores que explicam o insucesso da equipa brasileira:
1. Ausência de estratégia
O Brasil não demonstrou, em momento algum, uma identidade coesa ou um plano de jogo definido no Chile. Foi ineficaz em ambas as áreas e mostrou mais nervosismo do que determinação.
Na derrota por 2-0 contra Marrocos, os adeptos presentes no Estádio Nacional de Santiago entoaram "olé" sempre que os marroquinos controlavam a bola.
As estatísticas revelam bastante. Em três jogos, o Brasil rematou 13 vezes à baliza e sofreu 14 tentativas de golo. Apenas perante Marrocos conseguiu maior posse de bola, sobretudo nos minutos finais da segunda parte, quando se empenhou para alcançar o empate.
Segundo Ramon, a escassa preparação com a equipa foi determinante para a eliminação. "Chegámos ao Rio no dia 22 de setembro e a nossa estreia foi no dia 28", explicou.
2. Falta de brilho
Ao longo da sua história, o futebol brasileiro contou com estrelas que se destacaram nas equipas de formação antes de se tornarem lendas.
Bebeto, vencedor do torneio, marcou seis golos em 1983, uma década antes de conquistar o título mundial com a seleção principal em 1994. Apesar de Ronaldinho Gaúcho não ter levantado o troféu, a estrela que viria a ganhar a Bola de Ouro assinalou três golos no torneio de 1999, marcando presença com jogadas memoráveis.
No seu último título, em 2011, a seleção brasileira beneficiou do talento de Oscar, que marcou um hat-trick na final, e da criatividade de Philippe Coutinho, ambos jogadores que mais tarde se destacaram na Premier League.
No Chile, porém, nenhum atleta se destacou. Apenas três golos foram marcados, por intermédio do avançado Luighi, do médio Coutinho e do defesa central Iago, este último através de grande penalidade.
Perante o México, os adeptos admiraram mais os dribles do jovem mexicano Gilberto Mora do que as ações de qualquer jogador brasileiro.
3. Ausência de estrelas
O Brasil possui vários talentos jovens de destaque, como os avançados Estêvão (Chelsea), Endrick (Real Madrid) e Vitor Reis, defesa central mais valioso da história brasileira, atualmente emprestado pelo Manchester City ao Girona, em Espanha.
Contudo, nenhum deles participou no torneio do Chile. A época europeia encontra-se em fase inicial e, como estas datas não são oficiais da FIFA, os clubes não se viram obrigados a libertar os jogadores, optando por priorizar jogos de campeonato e reduzir o risco de lesões.
A seleção brasileira não se viu apenas enfraquecida por estas ausências. Outros atletas promissores, como o avançado Rayan, um dos mais destacados da nova geração e já titular no Vasco, também não participaram no evento.
Outra perda significativa foi a falta do avançado Pedrinho, principal figura da equipa Sub-20. Este jogador recebeu autorização do Zenit russo apenas para a fase seguinte do torneio.
O desassossego quanto ao futuro aumenta no Brasil. "Agora é preciso acalmar as mentes e lembrar a estes jogadores que devem prosseguir as suas carreiras. Isto não termina aqui", frisou o agora ex-treinador da seleção Sub-20 brasileira.