Capitão da seleção de Cabo Verde afirma que pretendem escrever a sua própria história

Capitão da seleção de Cabo Verde afirma que pretendem escrever a sua própria história

"Não pretendemos defrontar três jogos e regressar a casa", declarou em entrevista à AFP o capitão e melhor marcador da equipa de Cabo Verde, Ryan Mendes, que na semana anterior garantiu a qualificação para o Mundial de 2026 e vai participar pela primeira vez no torneio mais relevante do futebol.

Com cerca de 525 mil habitantes, o pequeno arquipélago ao largo da costa do Senegal, que comandou o seu grupo nas eliminatórias africanas à frente do Camarões, tornar-se-á, após a Islândia, o país com a segunda população mais reduzida a estar presente num campeonato do mundo e o de menor dimensão territorial.

Para Ryan Mendes, que atua no Igdir FK da segunda divisão turca, Cabo Verde poderá beneficiar do suporte dos seus compatriotas residentes nos Estados Unidos da América, nação co-anfitriã da prova ao lado do Canadá e do México.

PERGUNTA: Cabo Verde no Mundial, era algo que imaginavam nos sonhos mais ousados?

RESPOSTA: "Francamente, ainda não digeri o que vivenciámos. Quando era criança, sonhava em minha casa com o Brasil de Ronaldo e com todas as potências do futebol, e aspirava um dia estar lá. Mas o que se passou na segunda-feira a classificação é algo inédito para nós. Foi espectacular, uma verdadeira euforia, todos estão radiantes, quer em Cabo Verde quer no estrangeiro, sinto um arrepio só de pensar".

P: Cabo Verde era famoso pela cantora Cesária Évora. Agora também pela sua seleção de futebol.

R: "Cesária Évora representa para nós um símbolo que deu a conhecer Cabo Verde ao mundo inteiro, mas há já algum tempo que se fala de Cabo Verde devido ao seu futebol. Competimos quatro vezes na Taça das Nações Africanas e estivemos perto de nos apurarmos para o Mundial de 2014. Muitos progressos foram alcançados nos últimos anos, e agora podemos afirmar que se trata da consequência natural. Além disso, coincide com o quinquagésimo aniversário da independência de Cabo Verde, por isso devemos usufruir deste instante".

P: Os Tubarões Azuis atravessarão o Atlântico pela primeira vez em junho. Quais os vossos objetivos?

R: "Uma coisa é certa, não vamos para lá defrontar três jogos e regressar. Ademais, ainda desconhecemos o nosso grupo, mas em qualquer caso, ambicionamos deixar uma marca positiva, exibir um futebol atrativo. Esforçar-nos-emos por realizar o nosso dever, por fazer o que melhor sabemos. Desejamos viver a nossa narrativa, construí-la com as nossas mãos. Torço para que seja ainda mais grandiosa do que a nossa qualificação".