Abel Ferreira, o rei Midas do Palmeiras que anseia pelo regresso do seu toque mágico
O talento alquímico de Abel Ferreira converteu o Palmeiras em ouro, e no próximo sábado (29), o clube defrontará o Flamengo na tentativa de conquistar o terceiro título da Copa Libertadores sob a orientação do treinador português.
No entanto, a final surge num período complicado para o Verdão, que acumula cinco partidas sem triunfos, uma série adversa que pode comprometer o título do Campeonato Brasileiro, atualmente ao alcance do rival Rubro Negro.
"Uma coisa é o futebol brasileiro (...) outra é a Libertadores. Tratam-se de competições totalmente distintas", alertou Abel numa conferência de imprensa após a derrota frente ao Grêmio na passada terça feira.
Além do cenário actual, o técnico de 46 anos foi o criador da fase mais triunfante do Palmeiras.
Quando desembarcou no Brasil, há cinco anos, ninguém poderia prever o impacto deste jovem treinador, que até aí só registava experiências no Braga de Portugal e no PAOK da Grécia, sem conquistas, para além de ter laborado nas equipas secundárias do Sporting de Lisboa.
Agora, Abel tem a oportunidade de se tornar o terceiro treinador a erguer três troféus da Libertadores, seguindo as vitórias na prova com o Palmeiras em 2020 e 2021.
O argentino Carlos Bianchi ergueu o troféu em quatro momentos, um com o Vélez Sarsfield (1994) e três com o Boca Juniors (2000, 2001 e 2003); e outra figura lendária do futebol argentino, o falecido Osvaldo Zubeldía, obteve três títulos seguidos com o Independiente (1968, 1969 e 1970).
"Cinco anos extraordinários"
"Nunca pensei que esta aventura se prolongasse tanto", observou o próprio Abel no início de novembro, aquando da homenagem do Palmeiras pelos seus cinco anos no emblema.
Controverso nas conferências, com queixas sobre a arbitragem e debates com repórteres, o português é o treinador com maior longevidade no cargo no futebol brasileiro.
Apenas outros três técnicos mantêm se há mais de um ano na sua equipa actual: Filipe Luís (o seu opositor na final da Libertadores), Rogério Ceni (Bahia) e Léo Condé (Ceará).
Nesse intervalo, disputou perto de 400 encontros, com mais de 200 sucessos e dez troféus, incluindo o bicampeonato do Campeonato Brasileiro em 2022 e 2023.
Dias antes da distinção, o Palmeiras realizou um prodígio na semifinal da Libertadores, ao vencer a LDU por 4 a 0 no encontro de regresso, após uma derrota por 3 a 0 no primeiro jogo.
Na véspera, Abel havia garantido "uma noite inesquecível".
"Eu diria que estes cinco anos foram os verdadeiramente mágicos connosco", afirmou a presidente do clube paulista, Leila Pereira.
Contrato em discussão
Apesar da robusta capacidade financeira do Palmeiras, Abel conseguiu integrar jovens promessas da formação do clube, como Endrick e Estêvão.
"Na minha estreia na equipa principal, ele aproximou se e disse: se não anulares o lateral, não jogarás. Foi aí que evolui, ele ensinou me a compreender o jogo tacticamente", confidenciou Estêvão ao despedir se da formação para rumar ao Chelsea.
"É dar graças a Deus por ter cruzado o Abel e o Palmeiras no meu caminho", complementou o jovem avançado.
Com o plantel finalista da Libertadores, revitalizou a forma do atacante Vitor Roque, de 20 anos, após o seu período dececionante em Espanha no Barcelona e no Betis.
A renovação do contrato de Abel Ferreira, que expira em dezembro, constitui um assunto recorrente no Palmeiras, entre as oscilações na sua ligação com os adeptos.
O treinador já manifestou vontade de prosseguir, ao mesmo tempo que surgem notícias de que rejeitou ofertas do Nottingham Forest e do Wolverhampton, ambos ingleses.
"São cinco anos, mas parecem cinco meses, tudo decorreu de forma tão célere", referiu o português. "Vamos prosseguir em conjunto e elevar ainda mais o nosso clube. É uma honra e um privilégio".
Presentemente, o foco reside na intensidade da pressão.